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A importância do fósforo para o alívio do estresse abiótico das plantas cultivadas
26/03/2024
Palavras chaves: agronomia, fósforo, adubação
Por: Rogério Gonzatto*, especialista agronômico da OCP Brasil
O Brasil é um país de dimensões continentais, com grande diversidade e variabilidade de clima. Frequentemente ocorrem eventos climáticos que produzem condições adversas e podem limitar a produção agrícola.
As condições mais comuns são o déficit hídrico (seca) e o estresse térmico por calor ou frio (10º a 15º C acima ou abaixo do ideal).
Veja os principais efeitos dessas condições de estresse nas plantas cultivadas:
O fósforo (P) é um macronutriente estrutural dos ácidos nucleicos, enzimas e proteínas. Nas plantas, ele participa de vários processos fisiológicos, entre eles a transferência de energia, a respiração e a fotossíntese.
A campo, sua deficiência mostra-se por meio de sintomas morfológicos, como sistema radicular pouco desenvolvido, atraso na emergência de folhas e brotações, folhas velhas com pecíolos e nervuras verde escuras e/ou arroxeadas, e, sobretudo, menor acúmulo de matéria seca.
De fato, a importância de uma nutrição equilibrada com fósforo para o sucesso da lavoura já é considerado ponto pacífico na comunidade científica e entre os técnicos de campo.
Por outro lado, o adequado suprimento de P também se mostra uma estratégia promissora para atenuar os efeitos deletérios de condições de estresse (Bechtaoui et al., 2021; Kumari et al., 2022).
O esquema abaixo traz alguns dos principais mecanismos fisiológicos nos quais o P pode atuar como modulador, aliviando o estresse abiótico.
Em anos de déficit hídrico, por exemplo, em sistema de plantio direto o fósforo estimula a emissão de novas raízes, potencializando a capacidade das plantas em explorar maior volume de solo em busca de água e nutrientes, tolerando por mais tempo a falta dela (Hansel et al., 2017).
Todavia, mesmo em condições de boa disponibilidade de água, ondas de calor podem trazer temperaturas extremas nocivas ao desenvolvimento vegetal. Nesses casos, as plantas podem desenvolver mecanismos de tolerância ao estresse térmico quando bem nutridas de fósforo.
O adequado suprimento do nutriente auxilia a manter a turgescência e a estabilidade da membrana celular por meio da aceleração da condutância estomática e da taxa de fotossíntese líquida, mantendo um potencial hídrico foliar ótimo por maior período (Kumari et al., 2022).
Em situações severas de déficit hídrico e/ou estresse térmico, as requeridas taxas de absorção de P não são, muitas vezes, atendidas pelo solo e pelo sistema radicular. Nesses casos, em especial, o suprimento extra de P via foliar pode ser uma alternativa de manejo complementar.
Os benefícios de suplementar fósforo via folha são indiretos, pois ele estimula uma cadeia de processos na célula que, por sua vez, aumentam a fotossíntese, a eficiência de uso da água e o aproveitamento dos nutrientes já absorvidos.
Claramente uma planta bem nutrida de P é mais resiliente para enfrentar condições climáticas adversas. Estar preparado para lidar com elas é garantia de sucesso da lavoura.
Fontes consultadas:
Bechtaoui, N. et al., (2021). Phosphate-dependent regulation of growth and stresses management in plants. Front. Plant Sci. 12:679916.
Hansel, F. D. et al., (2017). Phosphorus fertilizer placement and tillage affect soybean root growth and drought tolerance. Agron. J. 109, 2936-2944.
Kumari, V. V. (2022). Plant nutrition: an effective way to alleviate abiotic stress in agricultural crops. Int. J. Mol. Sci. 23, 8519.
*Graduado em agronomia, mestre e doutor em ciência do solo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)