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Os benefícios da pastagem em um sistema integrado de produção
27/02/2024
Palavras chaves: agronomia, zootecnia, pecuária, ipf
Por: Lidiane F. Oliveira Serra, especialista zootécnica da OCP Brasil
Sistemas integrados alicerçam diferentes sistemas de produção agrícola, pecuária e florestal dentro de uma mesma área. Eles podem envolver cultivo consorciado, rotacionado ou em sucessão, proporcionando interações entre os componentes de cada cultura e gerando benefícios mútuos.
A integração lavoura-pecuária (ILP) é um marco crescente no Brasil, e a pecuária nesse sistema possui “vida útil” associada aos preparos da área para receber a lavoura no verão como a principal safra. Esse período varia em torno de 6 a 8 meses, de acordo com as características de clima e solo da região. Comumente denominada produção de “boi safrinha”, ela traz grandes benefícios para o sistema e maior retorno financeiro.
Para o pecuarista que pretende iniciar a operação em sistemas integrados, é importante ressaltar que não existe o capim ideal, e sim aquele que melhor irá se adaptar às características da área, como solo, clima e capacidade de manejo.
O capim mais utilizado nas regiões de Cerrado é o Brachiaria ruziziensis, Piatã e/ou Paiaguás após a cultura da soja, ou ainda consorciado com o milho. No setor pecuário, a forma recomendada de iniciar a operação é o consórcio de Brachiaria ruziziensis com o milho, para produção de grãos ou de silagem de todo o material, e ainda haverá uma boa cobertura do solo com o rebrote da pastagem.
As pastagens no sistema de integração beneficiam-se muito com o resíduo de adubação da soja, impactando positivamente no seu vigor, principalmente para as braquiárias, as quais são consideradas de menor exigência em fertilidade do solo.
Além disso, há vantagens como produção de matéria orgânica, cobertura do solo, redução de plantas invasoras, melhoria da qualidade física, química e biológica do solo e retenção de umidade. Consequentemente, a produtividade de soja aumenta em torno de 5 a 10 sacas a mais por hectare, segundo pesquisas.
Outro benefício das pastagens é a grande capacidade de ciclagem de nutrientes, os quais serão disponibilizados gradualmente com a mineralização da palhada. Quanto ao fósforo, que é altamente vulnerável ao processo de perdas por fixação, ele retornará ao solo de forma orgânica, menos suscetível às perdas e com maior aproveitamento pelas culturas.
A pastagem, quando bem manejada no sistema, pode levar a uma produção de aproximadamente 7 toneladas de matéria seca por hectare, aumentando a matéria orgânica do solo.
O pastejo dos bovinos proporciona estímulo para o rebrote, dando origem a folhas novas de melhor qualidade e a um maior desenvolvimento radicular, o que influencia o acréscimo de produtividade das culturas subsequentes.
*Graduada em zootecnia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná e mestre em agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados