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O que é fosfato natural reativo e quais características o diferem das demais rochas
02/10/2023
Palavras chaves: fosfato natural reativo, agronomia, fertilizante fosfatado
Por: Luiz Paulo Benício*, especialista agronômico da OCP Brasil
A utilização do fósforo (P) é essencial na agricultura moderna para suprir a demanda por esse elemento necessário ao crescimento e desenvolvimento das plantas.
Quando se fala em fonte natural de fósforo, existem dois tipos de fosfatos frequentemente mencionados: o fosfato natural reativo (FNR) e o fosfato natural (FN). Ambos são extraídos de rochas, no entanto, apresentam diferenças significativas em relação à sua composição e à eficácia como fertilizantes.
Nos últimos anos, houve uma alteração na legislação brasileira que trata dos fertilizantes fosfatados, o que mudou completamente a classificação de FNR e levou muitos produtores a utilizar FN como se fosse FNR, e como consequência, ter resultados abaixo do esperado.
Em todo o mundo, o FNR é caracterizado por possuir em sua composição no mínimo 27% de P2O5 total, dos quais 30% devem ser solúveis em ácido cítrico 2% (1) e 50% solúveis em ácido fórmico 2% (2). Tudo que não se enquadra nessa condição é tratado como FN.
Infelizmente, jazidas desse material são praticamente inexistentes no Brasil, o que faz com que todo o FNR utilizado aqui seja de origem importada. A única fonte de fosfato de origem orgânica no país, similar aos FNR, é o guano que ocorre em algumas ilhas do arquipélago de Fernando de Noronha, mas não é explorada.
Com a mudança ocorrida na legislação brasileira, passou-se a classificar FNR como o material que contém pelo menos 12% de P2O5 total, dos quais 30% devem ser solúveis em ácido cítrico 2%.
Essa “sutil” mudança fez com que boa parte dos fosfatos presentes no Brasil enquadrem-se como FNR. Todavia, a origem dos FNR mundo afora – sedimentos marinhos de origem orgânica – faz com que eles apresentem desempenho em campo bem superiores aos FN presentes no Brasil.
Em resumo: as rochas brasileiras possuem origem vulcânica, podendo ser classificadas como ígneas propriamente ditas, que são as mais duras, e as metamórficas ou metassedimentares, que se originam das ígneas que sofreram intemperismo (ação do clima sobre elas).
Ambas são de baixa solubilidade, especialmente no interior de suas estruturas, que apresentam baixíssima porosidade, fato que quase impossibilita a ação da solução do solo para dissolvê-las.
Os FNR oriundos de sedimentos marinhos apresentam maior pureza e são compostos basicamente de fósforo, cálcio e carbonato. Essa composição faz com que o material apresente elevada porosidade e seja muito mais solúvel do que os FN de origem vulcânica brasileiros.
Além disso, os FN contêm elevados índices de impurezas, como óxidos de ferro, alumínio e silício, compostos cristalinos de elevada dureza e baixa solubilidade.
Quando utilizados em sua forma natural nos cultivos, sem passar por nenhum processo de acidulação ou tratamento térmico, os FNR conseguem fornecer prontamente uma maior quantidade de fósforo do que os FN, além de possuírem um efeito residual que promoverá sua completa solubilização, considerando a elevada porosidade citada anteriormente.
Ao mesmo tempo, os FNR também apresentam carbonato em sua estrutura, proporcionando uma correção parcial da acidez do solo – fato de grande importância por permitir uma redução na necessidade de calcário.
Já no caso dos FN, além do baixo teor inicial de fósforo, sua estrutura cristalina faz com que a solubilização do residual seja muito lenta ou, muitas vezes, nem aconteça.
Muitos trabalhos de pesquisa comparam o desempenho a campo desses materiais, e os resultados mostram, em média, uma eficiência agronômica dos FNR acima de 90%, ao passo que os FN de diferentes origens não chegam a 60%.
Isso evidencia que, apesar de serem materiais fosfatados, o desempenho para uso na agricultura difere bastante, sobretudo em cultivos de elevado nível tecnológico.
Diante desses pontos, fica o alerta: sempre que ouvir falar em fosfato natural reativo, busque informações como origem, teores totais e solubilidade e verifique se existem estudos científicos sobre o material. Isso pode ajudar a evitar o uso de um insumo que não apresente a eficiência desejada. Para maior segurança e precisão nas recomendações, consulte um engenheiro agrônomo especialista no assunto.
(1) e (2): extratores para análise de solubilidade de fosfatos naturais
*Graduado em agronomia e mestre em produção vegetal pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) e doutor em solos e nutrição de plantas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)
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