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Na agricultura, quando se fala de solo, o(a) produtor, técnico(a) ou consultor(a) normalmente remetem seu pensamento para a fertilidade. Qual é a CTC? A saturação de bases está ok? Os teores de P, K e Al podem limitar o cultivo?

Essas são as preocupações mais corriqueiras, mas o solo é um ambiente muito complexo, que vai além dos nutrientes.

Os professores dos cursos de agronomia ou técnico agrícola costumam ensinar que o solo é um sistema trifásico e as relações entre as proporções das fases (sólida, líquida e gasosa) são de grande importância para o crescimento das plantas.

Em alguns casos, o baixo rendimento da lavoura pode estar justamente nesse tipo de conhecimento. Será que estamos dando a devida importância a ele, ou nos preocupamos somente com as características químicas?

Conheça mais sobre três dos principais atributos físicos:

Densidade do solo (DS)
Diz respeito a uma massa de solo por um determinado volume e é uma medida de compactação. Quanto maior a densidade, mais compactado o solo está, e isso pode interferir no crescimento radicular ou até mesmo na chegada de nutrientes às raízes, tendo como reflexo a redução da produtividade.

O adensamento pode ocorrer de forma natural. No entanto, o manejo inadequado do solo é o principal fator causador. O uso do implemento errado e o tráfego intenso de máquinas e animais são exemplos de fatores que aumentam a compactação.

A DS pode ser facilmente medida com uma amostra indeformada e coletada com um anel volumétrico. O valor limitante para a atividade agrícola varia de acordo com a cultura, a textura do solo e o sistema de manejo adotado na propriedade.

Resistência a penetração
É uma medida de quanta força deve ser exercida para que um objeto penetre o solo até determinada profundidade e reproduz o impedimento que esse solo causa no crescimento das raízes. Assim como a DS, é um indicativo de compactação.

A RP pode ser medida com um aparelho chamado penetrômetro. A partir dos dados obtidos em campo, pode-se traçar gráficos e verificar em quais camadas o solo apresenta maior adensamento.

Ao contrário da DS, ela tem relação direta com a umidade do solo: quanto maior a umidade, menor a RP. Para fins comparativos, deve-se sempre considerar a umidade atual do solo.

Porosidade do solo
É o volume de solo que não é ocupado por partículas sólidas e, portanto, inclui os espaços que contêm ar e/ou água. Todos os solos possuem poros, mas a quantidade, o tamanho e a distribuição deles dependem do solo em si e do sistema de produção.

O menor espaço poroso provocado pela compactação traz consequências como a menor oxigenação para as raízes, a dificuldade de infiltração de água e a maior susceptibilidade a erosão.

Estima-se que um solo ideal para cultivo possua cerca de 50% de volume poroso.

Diante disso, a recomendação é dar a devida importância aos atributos físicos do solo, pois eles podem limitar a produtividade dos sistemas agrícola e, inclusive, interferir no bom aproveitamento de nutrientes aplicados via adubação – talvez aquela saca a mais em uma lavoura de soja pode estar relacionada justamente a isso.

*Graduado em agronomia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), mestre em produção vegetal pela mesma instituição e doutor em solos e nutrição de plantas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)